Publicado no jornal Diário da Região, São José do Rio Preto, SP, 09 de abril de 2025.
Em 7 de abril, transcorreu-se, no Brasil, a efeméride do Dia do Jornalista, comemorada em
homenagem àquela(e) quem trabalha no ofício de disseminação pública da informação, do
conhecimento e da cultura. Foi, portanto, uma data importante. O grande intelectual
Samuel Johnson (1709 – 1784), talvez o maior de todos os tempos, na Inglaterra, ali tido
por alguns como o fundador do jornalismo literário, escreveu ser o jornalista um
historiador. Portanto, ele “estará sujeito à primeira lei da História: a obrigação de contar a
verdade”, e cujo trabalho consistiria apenas em informar acontecimentos de importância
geral, ou de notoriedade incontestável.
Por sua vez, o grande intelectual e humanista italiano, Antonio Gramsci (1891 – 1937),
ressaltou a importância do jornalismo como instrumento educacional. Ele via aquela
atividade como tendo um escopo mais amplo do que a simples disseminação das notícias,
constituindo um instrumento pedagógico com o potencial de auxiliar as massas populares
a desenvolverem uma consciência crítica. Juntamente com o relato das notícias, o
jornalista deveria fornecer instrumentos de análise para a compreensão da realidade
social.
De outro lado, as forças retrógradas do conservadorismo, do fascismo, da intolerância e do
abuso, logo vislumbraram a necessidade da reação contra a informação pública. Nasceu
então a censura, atroz inimiga da verdade, do saber e da arte. A reação atingiu também a
pessoa do jornalista. O grande escritor renascentista italiano, Pietro Aretino (1492 –
1556), quem deixava os seus manuscritos na estátua do Pasquim, na Piazza Navona, em
Roma, foi uma das primeiras vítimas do arbítrio. Doravante, milhares de jornalistas mundo
afora foram vitimados pela injustiça institucionalizada, inclusive no Brasil onde, dentre
muitos outros, foi cruelmente assassinado pelas forças da Ditadura o periodista Vladimir
Herzog (1937 – 1975).
Posteriormente, e até os dias atuais, os governos ditatoriais, e as forças de opressão do
capitalismo selvagem, vislumbraram a necessidade de controlar os meios jornalísticos,
para viabilizar os seus infames propósitos. Esta situação, que promove a desonestidade
oficializada, torna-se cada vez mais generalizada, grave e danosa, dado o poder altamente
corruptor do dinheiro. Tornou-se difícil diferenciar a verdade da mentira. O resultado é
uma pressão para a lavagem cerebral do povo, com o consequente comprometimento da
democracia.
Disso decorre a conclusão inescapável de que somente é jornalista aquele profissional
honesto, quem cumpre os deveres básicos da atividade e da ética. Os demais escribas
serão os marginais da pena, os propagandistas oficiais da mentira, os mercenários da
vergonha e os agentes da insensibilidade social, mas jamais se qualificarão como
jornalistas. Os veículos de desinformação que os empregam e corrompem, alguns dos
quais são concessionários de serviços públicos, frequentemente padecem dos mesmos
vícios.
O verdadeiro jornalista sempre foi um herói da civilização. Hoje, mais do que nunca. Força
e parabéns pela data!
DURVAL DE NORONHA GOYOS JR., Jurista, escritor, historiador e editor. Escreve
quinzenalmente neste espaço às quartas-feiras